TRAJETORIA ESCOLAR
Aos cinco anos foi quando fui para a escola eu já gostava de estudar, minha mãe já havia me ensinado a fazer o meu nome sem olhar e copiar qualquer palavra, também já conhecia todas as letras do alfabeto. A escola municipal na qual minha tia era a professora funcionava na casa dela. As aulas eram realizadas com poucos recursos, tínhamos a cartilha tradicional como livro didático, mesmo assim eu amava estudá-la. A 1ª série cursei num prédio escolar, sempre com poucos recursos e o método tradicional, mas era prazeroso estudar. Lembro-me que quando estava na 2ª série, acho que por volta dos 07 anos eu disse a minha avó que eu queria estudar até o 10ª série. Ao contar para as outras pessoas minha avó dizia que eu queria me formar, ou seja, ela traduziu o que eu quis dizer. Quando fiz a 4ª série fiquei por 4 anos sem estudar porque o local em que eu morava, por ser zona rural, não tinha ginásio nem mesmo no distrito. Como era ainda uma criança e minha família não tinha condições de me colocar num pensionato ou algo parecido, fiquei esse tempo parada, mas com a esperança que um dia eu voltaria a estudar, só não sabia como.
Como Deus é providencial, conseguimos uma casa pra eu ficar em Jequié, foi quando eu voltei a estudar, já com 14 anos. Eu era considerada pelos professores como aluna nota 10: comportada, calada, organizada com as atividades e tirava sempre a maior nota nas avaliações dos professores. Certa vez, na 5ª série, uma professora me perguntou se eu havia estudado no primário em escola particular, e eu disse que não, pensei comigo: Ah! A senhora se enganou, eu estudei 04 anos numa simples escola da zona rural de outro município.
Desde o primário, eu já gostava de ajudar aos meus colegas quando eles estavam com dificuldades. Na 8ª série, uma professora de Língua Portuguesa, ao perceber que as minhas colegas conseguiram aprender com a minha ajuda, ela incentivou as outras alunas a ajudar os colegas com a recompensa de 1 ponto para quem conseguisse colaborar com o aumento da aprendizagem dos colegas.
No ensino médio cursei formação geral e pensava sobre qual curso queria fazer. Já havia pensado em várias áreas. Quando criança, eu só pensava em bancária, depois no ensino fundamental falava com as suas colegas que seria advogada, depois queria ser veterinária. Só após terminar o ensino médio e está estudando num cursinho pré-vestibular, no ano de 2003, eu decidir fazer pedagogia, mesmo assim, depois de passar o ano inteiro tentando decidir entre pedagogia e letras. Minha mãe comprou um livro que veio acompanhado de um manual do vestibulando, neste manual continha testes vocacionais e ainda os cursos, o que é o curso, quais são as disciplinas e a duração de cada um. Foi quando resolvi fazer vestibular para pedagogia, foi o primeiro e o único exame vestibular que fiz até agora.
Ao ver as áreas em que o pedagogo pode atuar, percebi que o mercado de trabalho é bom para este profissional, apesar de não ter uma alta remuneração. Desejei fazer este curso e estou gostando por está estudando ciências humanas e sociais, me ajudando a compreender a aprendizagem e o desenvolvimento das pessoas e também estou crescendo não só intelectualmente, mas buscando me conhecer de maneira que possa através de minha postura e da minha prática ajudar outras pessoas no seu desenvolvimento.
No estágio realizado no sétimo semestre do curso me fez ver na prática muito daquilo que venho estudando na teoria. Na escola municipal Padre Antonio Molina, onde estagiei com crianças de 04 anos, me apoiei em teorias como Maria Alice Silva, Emilia Ferreira, Piaget, Vygotsky e Paulo Freire, dentre outros estudiosos da educação. Para a criança cada passo é importante para a aprendizagem e o professor deve estar sempre atento para isso. O educador precisa observar sua turma e avaliar cada criança individualmente, perceber o nível de desenvolvimento em que está à crianças e através das atividades proporcionar o avanço.
Nesse sentido, Souza (1994, p.19), afirma que "é fundamental que o professor tenha claro qual o objetivo da atividade que está trabalhando e qual a direção a ser seguida para alcançar objetivos a longo prazo". É importante que o professor proporcione situações para que a aprendizagem seja significativa para a criança. A criança aprende rápido, é impressionante a facilidade que elas têm para aprender, mas, certamente a aprendizagem deve ter um significado para a vida se não elas esquecem. O professor deve propor desafios para as crianças, motivá-las e considerar os conhecimentos prévios, os fatores afetivos, cognitivos e sociais, tudo isso tem grande influência na aquisição de novos conhecimentos.
Percebi durante o estágio que a criança lê o mundo que a rodeia muito antes do aprendizado sistemático da leitura e da escrita, sendo importante levar em consideração seus níveis de aprendizagem, o fator cognitivo e a forma que o professor passa o conteúdo para seus alunos. O professor deve ser mediador nesse processo, de maneira que proporcione o desenvolvimento global da criança. O educador deve conhecer os seus alunos e também conhecer-se, ter compreensão e autenticidade para também permitir e proporcionar que seus alunos se desenvolvam, não apenas intelectualmente, e que sejam seres autônomos e com habilidades para enfrentar as mudanças, sem usar de imposição e autoridade para viver bem com a sociedade.
De acordo com Seber (1997, p. ):
Temos de poder reduzi-la ao mínimo para poder estabelecer o mais rapidamente possível de reciprocidade afetiva intelectual com as crianças. De fazê-las compreender em lugar de impô-las. Não impor regras antes que estas sejam inteiramente compreensíveis e tratar de fazê-las compreender a partir da própria experiência – a isso deveria ser dirigido nossos esforços.
As crianças que trabalhamos ainda estavam desenvolvendo sua personalidade, pois sua faixa etária era de 04 anos, portanto tentávamos ter cuidado com nossa postura, porque a criança imita o adulto, principalmente, quando este se encontra na condição de professor. As crianças vêem os adultos como pessoas que sabem tudo, foi isso que uma criança me disse quando ainda estávamos no período de observação. Ela me perguntou o que estávamos fazendo ali e afirmou que "quem é grande sabe tudo". Eu disse que quem é grande também aprende com crianças. Nessa fase as crianças precisavam desenvolver-se integralmente, elas devem estar motivadas a participar das atividades para aprender hábitos de higiene e a se relacionar com outras crianças. Esse interesse só é possível se for através de brincadeiras. No período de co-participação, quando a professora regente falava sobre trabalho, as crianças disseram que "É a gente trabalha", e perguntamos: "Vocês trabalham?" E elas responderam: "É, a gente brinca." Então percebemos claramente como elas levam a sério a brincadeira. Quando brincam as crianças imaginam uma realidade.
Nesse contexto, acrescenta Vygotsky (1998, p.126 e 127) "É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos incentives fornecidos pelos objetos externos". Ainda ressalta "a ação numa situação imaginária ensina a criança a dirigir seu comportamento não somente pela percepção imediata dos objetos ou pela situação que a afeta de imediato, mas também pelo significado desse significado".
Percebemos como as crianças interagem e se relacionam quando brincam, umas não querem dividir com os colegas os brinquedos, outras são agressivas, isso mostra traços da personalidade que está se formando e ainda está em tempo de ajudá-las nessa fase de desenvolvimento a se relacionar em grupo, respeitar os colegas e a compartilhar. Certamente o brinquedo está relacionado ao desenvolvimento. Vygotsky (1998, p.133) salienta que: "Tudo que diz respeito à criança é realidade e brincadeira".
Baseando-me nesses teóricos e nas discussões realizadas ao longo desses sete semestres realizei o estágio, considero que de maneira tranqüila e enriquecedora, apesar de ter sido um grande desafio por que nunca havia me encontrado na condição de professora. Acredito que foi possível encarar um desafio porque tenho um Deus que me permitiu e uma colega e amiga chamada Patrícia, competente e corajosa que juntas conseguimos passar esta fase com sucesso.
Agora que já estou iniciando o oitavo semestre, prestes a realizar o próximo estágio e chegando ao final do curso são muitas as expectativas pois, apesar de já ter realizado um estágio, sei que será diferente não somente o nível da turma, mas também a realidade porque cada localidade, cada comunidade tem a sua particularidade consequentemente sua necessidade e é por isso que eu também vejo que é importante a fase de observação na escola.
Aproximação ao Campo de Pesquisa
Há 13 anos
2 comentários:
Puxa Suleide! Estou orgulhosa de você. Trouxe reflexões importante na sua itinerância docente. Muito bom!
Oi pró Socorro, obrigada pela visita. Que bom que você gostou das minhas reflexões. Beijo.
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